[Opinião] A vida na porta do frigorífico, de Alice Kuipers

Autor: Alice Kuipers
Título Original: Life on The Refrigerator Door (2007)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 240
ISBN: 9789722342469
Tradutor: Rita Graña
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: Claire e a sua mãe vivem na mesma casa, mas, para todos os efeitos, é como se vivessem em planetas diferentes. As duas raramente se cruzam, e a porta do frigorífico acaba por se tornar a plataforma de contacto onde deixam recados uma à outra e se vão mantendo informadas acerca dos acontecimentos das suas vidas. Mas um dia Claire depara-se com um recado diferente do habitual, e a partir daí terá de lutar contra a distância que as separa e contra o tempo que se esgota… A Vida na Porta do Frigorífico é uma narrativa que mergulha no íntimo de uma relação entre mãe e filha e os sentimentos de apego, culpa, ressentimento e frustração que a convulsionam. Uma mensagem universal sobre o amor e a perda num romance de estreia comovente, que se lê de um fôlego.

Opinião: Não tinha particular interesse neste livro, mas, tendo oportunidade de o ler, e ficando imediatamente apaixonada pela capa (tão viva, tão espelho do tema), aproveitei. Interessada como sou por tudo o que se relacione com comunicação, não podia ficar indiferente à nova forma de comunicar que este livro nos apresenta. Inicialmente, poder-nos-à parecer impossível as pessoas falarem deste modo, mas a verdade é que até imagino que haja quem o faça… Os tempos mudaram, isso ninguém duvida.

A obra de Alice Kuipers lê-se de fio a pavio num par de horas e, no entanto, a história não deixa de ter uma moral. Na era da comunicação, mãe e filha são engolidas pelo tempo e trabalho/escola, conseguindo apenas partilhar experiências através de recados em post-it. É neles que vamos conhecendo a vida e os problemas de cada uma delas: enquanto uma se quer assumir como mãe e mulher independente, a outra começa a dar os primeiros passos (e quedas) na adolescência.

O leitor vai acompanhado a acção através de post-its, como se, de facto, estivesse diante de um frigorífico a lê-los. Não há nunca, apesar de muitas vezes prometida nos recados, a interacção entre as duas personagens. E, ainda assim, a história não perde interesse e emoção, despoletada, sobretudo, por um dos post-its. De forma sucinta e simples, uma das mensagens da mãe muda, por completo, a sua vida e a da filha, tentando, a partir de então, compensar os tempos perdidos. Daí até ao final, há medo, amor e lágrimas…

De forma muito particular, a autora conseguiu tornar este livro especial. Não só estabelece uma imediata empatia com os leitores, como mostra a importância de sabermos aproveitar o tempo com os nossos. Porque às vezes, pode ser tarde demais… leiam! – Cristina

Classificação: 7/10 – Bom

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.