
Título Original: The White Tiger (2008)
Editor: Editorial Presença
Páginas: 248
ISBN: 9789722341004
Tradutor: Alice Rocha
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Tal como o meu companheiro de blog Ricardo (que deixou a sua opinião sobre este livro aqui), também eu estava com imensa curiosidade para ler este livro e perceber que motivo o levou a ganhar o Booker Prize do ano passado. Para além disso, avizinhava-se uma excelente oportunidade de conhecer melhor a Índia.
Apesar de a sinopse revelar um pouco daquilo que se podia esperar, a verdade é que mesmo assim fui surpreendida pelo tom mordaz e sarcástico em que todo o livro está escrito, e que por vezes me levou mesmo a dar algumas gargalhadas, apesar dos assuntos sérios que estavam a ser tratados. O livro tem uma estrutura original: durante 7 noites seguidas, Balram Halwai escreve cartas a um ministro chinês que se prepara para visitar o seu país. Nessas cartas, Balram conta a história da sua vida, ao mesmo tempo que descreve a Índia que normalmente fica de fora dos roteiros turísticos, a Índia da pobreza, da corrupção e da chico-espertice.
O país que nos é descrito é um onde, como se costuma dizer, “ou se come ou se é comido”. Balram, após um início de vida difícil e do emprego de motorista que arranjou, escolheu a primeira hipótese, numa opção moralmente discutível. Confesso que, com as devidas diferenças, pensei bastante neste cantinho à beira-mar plantado. Constantemente, em situações tão banais como o trânsito (ou noutras mais graves, que prefiro nem saber), os chico-espertos são aqueles que normalmente se safam, sem se importarem se passam ou não por cima dos outros. Tanto aqui como na Índia, é a mentalidade do “se o outro faz e se dá bem, porque é que não hei-de fazer também?” que não deixa as coisas irem para a frente no sentido de uma sociedade mais justa.
Ao longo de todo o livro, nota-se o desencanto de Aravind Adiga para com os problemas que a sociedade do seu país enfrenta e também a vontade que tem em denunciá-los. Gostei imenso da forma que ele escolheu para o fazer, com a esperança que estas vozes que se vão levantando possam alterar, de alguma forma, o estado das coisas. Quanto ao livro propriamente dito, achei que começou a todo o gás, mas vai perdendo algum fulgor lá pelo meio com algumas partes mais paradas; no cômputo geral é um livro que não posso deixar de recomendar.
Classificação: 8/10 – Muito Bom