[Opinião] O Tempo dos Imperadores Estranhos, de Ignacio del Valle

Autor: Ignacio del Valle
Título Original: El tiempo de los emperadores extraños (2006)
Editora: Porto Editora
Páginas: 336
ISBN: 9789720041548
Tradutor: Alcinda Marinho
Origem: Comprado 
Sinopse: Inverno de 1943. Frente de Leninegrado. Um soldado da Divisão Azul é encontrado sem vida num lago, com uma enigmática frase gravada no seu peito: «Mira que te mira Dios». Será o primeiro de uma cadeia de crimes, tão brutais como desconexos. Um soldado de passado obscuro e um fiel sargento do Exército recebem a missão de encontrar o móbil e o culpado, mas não terão facilidades da parte de uma cúpula militar cheia de segredos. Aos poucos serão revelados os mistérios de uma história em que ninguém é o que parece e onde os passos nos encaminham para um lugar em que reina o horror, o vazio, o absurdo, os imperadores estranhos.
Ignacio del Valle integra história e ficção numa trama dominada pelo suspense e por uma intensidade que nunca capitula. Os inquietantes rituais maçónicos que envolvem os crimes, as intrigas do poder militar, uma série de personagens que a guerra despojou de toda a humanidade enchem as páginas deste surpreendente romance. Mas numa apenas se encontrará a resposta do enigma. E tudo a 40º C abaixo de zero.

Opinião:Mira que te mira Dios…” – Foi essencialmente esta expressão que me cativou, mas a sinopse comprovava que O Tempo dos Imperadores Estranhos tinha tudo para ser um excelente livro. Lá está, tinha, porque, na verdade, as expectativas ficaram muito, muito aquém. Acabar esta obra foi mais penoso do que satisfatório e nunca é bom quando isso acontece. Ainda assim, orgulho-me por ter resistido, por ter superado todas as adversidades que o autor me colocou, por conseguir saber o final sem ter ido espreitar… Nunca a palavra “FIM” me pareceu tão bonita.

A acção deste livro tem como pano de fundo a II Guerra Mundial, um dos temas históricos mais interessantes. No centro de uma Divisão espanhola, aquartelada na fria Rússia, acontece um brutal assassinato. O morto está enterrado no meio de um lago e tem inscrita no seu corpo a expressão “Mira que te mira Dios…”. Este é o ponto de partida da nossa história e é o motor para todos os outros acontecimentos. O desvendar do crime cabe a um dos soldados espanhóis que, enquanto trata das várias diligências, se debate com os entraves colocados pelas chefias hierárquicas e pelos seus próprios medos e auto-conhecimento.

A base da história até é interessante, mas o facto é que o autor, na tentativa de dar um enquadramento histórico lato, se perde em pormenores que nos dispersam a atenção. A relação Espanha-Alemanha na II Guerra Mundial é misturada com a situação nacional espanhola (maçonaria versus apoiantes de Franco) e, a certa altura, acabamos por nos perder. Para além disso, as constantes notas de rodapé – com mais explicações – faz com que percamos o fio à meada. Pessoalmente, e, apesar de ter aprendido novos dados, creio que muitas das notas poderiam ter sido evitadas. Um livro também serve para instigar o leitor a descobrir coisas novas, por si.

O Tempo dos Imperadores Estranhos não é só um livro sobre uma investigação. É, igualmente, um desvendar da história pessoal do investigador – o que o fez alistar-se, o porquê das suas reacções impensadas, a razão de ter sido escolhido para descobrir os criminosos. E, mais uma vez, neste aspecto, o autor não tem um caminho delineado que favoreça a leitura/compreensão.
Como pontos positivos, saliento as descrições de Ignacio del Valle, que muito apreciei. A exploração do ambiente bélico, das paisagens inóspitas da fria Rússia, a actuação fria das SS. No geral, contudo, soube-me a pouco… – Cristina

Classificação: 3/10 – Mau

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.