
Tenho de confessar que esperava um pouco mais de “A Pomba”, independentemente de se tratar de um livro curto – não chega a ter 100 páginas. Tal como n’”O Perfume”, também aqui acompanhamos uma personagem sui generis, um homem de meia-idade que vive num quarto alugado há 30 anos, o seu santuário, e que tem o seu repetitivo dia-a-dia planeado ao ínfimo pormenor, repetindo as mesmas acções continuamente. O livro acompanha o dia em que esta vida cuidadosamente planeada sofre uma alteração devido ao aparecimento de uma pomba. Aliás, este acontecimento desencadeia tal perturbação na personagem principal, que o leitor consegue facilmente aperceber-se do nível de estranheza e insanidade da mesma.
A escrita é, como já esperava, muito boa e inteligível. O que me deixou a desejar foi a história; não tanto o desenrolar (apesar de ter desejado que fosse mais desenvolvido), mas o desfecho final. A sensação com que fiquei é que não consegui apreender a mensagem (pressupondo que havia uma). Quando terminei o livro e me perguntei a mim própria o que é que tinha ficado, a resposta que encontrei foi: pouco, para além de uma personagem interessante. – Célia M.
5/10