Sputnik, meu amor

“Na primavera dos seus vinte e dois anos, Sumire apaixonou-se pela primeira vez na vida. Foi um amor intenso como um tornado abatendo-se sobre uma vasta planície -, capaz de arrasar tudo à sua passagem, atirando com todas as coisas ao ar no seu turbilhão, fazendo-as em pequenos pedaços, esmagando-as por completo. Com uma violência que nem por um momento dava sinal de abrandar, o tornado soprou através dos oceanos, arrasando sem misericórdia o templo de Angkor Vat, reduzindo a cinzas a selva indiana, tigres e tudo, para depois em pleno deserto pérsico, dar lugar a uma tempestade capaz de sepultar sobre um mar de areia toda uma exótica cidade fortificada. Em suma, um amor de proporções verdadeiramente monumentais. A pessoa por quem Sumire se apaixonou, além de ser casada, tinha mais dezasseis anos do que ela. E, devo acrescentar, era uma mulher. Foi a partir daqui que tudo começou, e foi a partir daqui que (quase) tudo acabou.”
 
“Sputnik, meu amor” é o segundo livro que leio de Haruki Murakami (o primeiro foi “Kafka à Beira-Mar“. Mais uma vez, o autor presenteia-nos com a sua prosa simples (não no sentido de básica), singular e viciante. Não consigo classificar concretamente o tipo de história perante a qual nos encontramos, mas posso dizer que contém uma análise profunda das personagens, dos seus sentimentos, do que as move, em conjunto com alguns elementos de fantasia. A solidão é um elemento presente frequentemente, e, como é hábito do autor, a história encontra-se frequentemente pontuada por metáforas, que a mim, em particular, me agradam bastante.

O que me agradou bastante também foi este livro, pelo sentimento geral, mas principalmente pela escrita envolvente e singular. Adorei. – Célia M.

7/10

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.