
Numa leitura fácil, escrita na primeira pessoa, somos surpreendidos por uma personagem principal vigorosa que, apesar do seu sofrimento físico e psicológico, ao longo de toda a sua vida, manteve sempre o discernimento para enfrentar tudo e todos. O livro, inevitavelmente, apela para um lado feminista, porque Artemísia, uma das poucas pintoras italianas conhecidas, soube ultrapassar os problemas que uma saia lhe colocava, para ir ao encontro de quem a podia ajudar. O seu carácter itinerante levou-a ao centro do Mundo, onde conviveu com personagens que fazem parte da nossa História, entre elas, por exemplo, Galileu Galilei.
A escrita da autora é agradável, mas, por vezes, demasiado explicativa no que aos detalhes da pintura diz respeito. Elucida-nos quanto a técnicas desta arte, mas também nos põe lado a lado com quadros, painéis ou frescos de que já ouvimos falar. Este mundo de cores contrapõe-se ao mundo cinzento e duro em que Artemísia vive.
Como pontos negativos, realço, por um lado, a presença de várias gralhas por todo o livro, cortando-nos o ritmo da leitura; e, por outro, as transições temporais na vida de Artemísia Gentileschi que surgem de repente, sem grandes explicações de como nem porquê. Apesar de tudo, sugiro que leiam e conheçam a vida de uma personagem que marcaria a História, por tudo o que conquistou. – Cristina