O velho que lia romances de amor

António José Bolívar sabia ler, mas não escrever. O mais que conseguia era garatujar o nome quando tinha que assinar qualquer papel oficial, por exemplo, na época das eleições, mas, como tais acontecimentos ocorriam muito esporadicamente, já quase se tinha esquecido.
Lia lentamente, juntando as sílabas, murmurando-as a meia voz como se as saboreasse, e, quando tinha a palavra inteira dominada, repetia-a de uma só vez. Depois fazia o mesmo com a frase completa, e dessa maneira se apropriava dos sentimentos e ideias plasmados nas páginas.
Quando havia uma passagem que lhe agradava especialmente, repetia-a muitas vezes, todas as que achasse necessárias para descobrir como a linguagem humana também podia ser bela.

Este pequeno livro, com cerca de 100 páginas, lê-se de um fôlego. Conta a história de um velho que vive na floresta amazónica, juntamente com a sua solidão, e que a conhece como a palma da sua mão. Nos tempos livres, gosta de ler romances de amor, daqueles que terminam bem. Gosta de imaginar outros sítios, de viajar na sua mente.
Quando uma onça começa a atacar humanos, o velho vê-se confrontado com os seus propósitos e parte numa viagem para a apanhar (num confronto homem-animal com algumas reminiscências d’ “O Velho e o Mar“, de Hemingway). Mas mais do que uma viagem pessoal, este um livro fala sobre a Natureza e a forma como o Homem não a tem respeitado. Gostei e recomendo! – Célia M.

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.