Codex 632 em inglês

No passado domingo, saiu no jornal Público uma reportagem referente à internacionalização do livro “Codex 632”, de José Rodrigues dos Santos, mais especificamente para o mercado norte-americano. Até aqui tudo bem, uma vez que fico sempre contente quando os nossos autores conseguem vender o seu trabalho para o exterior. O que me faz confusão é o que vem a seguir. Segundo a referida reportagem, os responsáveis da editora norte-americana procederam a um editing, em conjunto com o autor, que levou a que o livro ficasse reduzido a cerca de metade do original.

Uma das vítimas foi a famosa cena de sexo que envolvia sopa de peixe, com o pretexto que nos E.U.A. era desastroso colocar nos romances personagens a comer (what?) e que ninguém o fazia por não querer desagradar ao público norte-americano, já para não falar do puritanismo reinante. Para além disso, foi cortada a parte de exposição das provas genovesas devido ao facto de ser muito pesado e minucioso, alegando que as pessoas não iam aguentar a leitura.

Confesso que este artigo me deixou perplexa. Achei estas imposições por parte da editora norte-americana arrogantes e a sua aceitação de uma submissão inacreditável. A sensação que tenho é que se quis vender o livro para o mercado norte-americano a qualquer custo. Porque é que as preocupações principais são a opinião do público? Um livro não deveria, acima de tudo, expressar a visão e a opinião de quem o escreveu? Eu sei que isto tudo é um grande negócio, mas ainda assim estas situações continuam a fazer-me uma enorme confusão.

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.