
O livro tem dois focos de acção: um castelo na Europa e uma prisão nos EUA. No primeiro, dois primos tentam reconstruir um castelo, enquanto enfrentam alguns traumas de infância. O seu objectivo primordial é criarem um refúgio, onde as pessoas possam fugir das tecnologias e dar azo à sua imaginação para se divertirem. No segundo, um detido escreve uma história sobre dois primos que reconstroem um castelo. A cada página, há um cruzamento entre o real e o imaginário que baralha o leitor. Ficamos sem saber se o que lemos é a história em si ou a história que o detido está a escrever.
Apesar da linguagem simples, Jennifer Egan põe, muitas vezes, no meio de descrições, excertos de diálogos baralhando o leitor. E, em algumas casos, é mesmo o detido que fala com o leitor. Em A Ruína há uma constante dicotomia entre realidade e ficção, em que não sabemos onde começa uma e acaba outra. Por não existir uma definição explícita, a obra é passível de ser recriada por cada um dos leitores que a lê, consoante a sua interpretação.
A terceira e última parte do livro é, para mim, a mais perceptível porque é a mais lógica. A professora de escrita do detido relata-nos o seu convívio com ele e, nessas derradeiras páginas, conseguimos perceber alguns dos acontecimentos que foram marcando a história. Finalmente, há um ponto que une todas as páginas… ou que, pelo menos, tenta. – Cristina