Autor: Jack Cheng
Título Original: See You in the Cosmos (2017)
Editora: Nuvem de Letras
Páginas: 320
ISBN: 9789896652760
Tradutor: Francisca Cortesão
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Desde a primeira página de Vemo-nos no Cosmos, percebemos que Alex, de 11 anos, é uma criança especial. Os capítulos deste livro são transcrições das gravações que Alex está a acumular no seu iPod dourado, objeto que pretende enviar para o espaço quando o foguetão que está a construir lá chegar. Alex tem uma admiração enorme por Carl Sagan (nome que deu, aliás, ao seu cão), e pretende, com esta ideia, emular os famosos Discos Dourados que Carl Sagan incluiu nas missões Voyager, em 1977.
À medida que o livro vai avançando, é difícil não sentir uma enorme empatia pela ingenuidade de Alex face às vicissitudes do dia-a-dia e à sua vida familiar, mesmo que esta esteja longe de ser a ideal. Alex tem o condão de ver a bondade nas pessoas, parecendo muitas vezes muito mais adulto do que a sua idade deixaria adivinhar (tem 11 anos, mas a responsabilidade de um miúdo de 13, como sublinha amiúde). Aliás, penso que o maior desafio para o autor terá sido precisamente encontrar um equilíbrio entre a distinta inteligência de Alex e as atitudes próprias de qualquer miúdo de 11 anos, fazendo-o parecer real. Quanto a mim, foi bastante bem conseguido. Para além disso, a forma como Jack Cheng consegue fazer com que o leitor perceba o que se passa no “mundo dos adultos” através da voz de Alex, sem que o próprio tenha noção do que o rodeia, é um dos pontos altos do livro.
Não gostei tanto de algumas opções do enredo. A viagem ao concurso de foguetões dá o pontapé de saída às aventuras de Alex e é muito interessante, mas acaba depressa. As viagens que se seguem pareceram-me um pouco aleatórias e tive alguma dificuldade em discernir o propósito de alguns desenvolvimentos. A parte final do livro acaba por deixar algumas pontas soltas relativamente ao final – um risco que me pareceu assumido pelo autor quando escolheu narrar esta história através das gravações de Alex. Esta particularidade apenas dá ao leitor acesso aos pensamentos da criança e, naturalmente, o fim das gravações implica o final da história.
Vemo-nos no Cosmos acabou por ser uma leitura que me aqueceu o coração. Fico contente por ter escolhido lê-lo nesta altura do ano, quando eventualmente é mais fácil acreditar na bondade do ser humano e quando a importância da família – um tema fulcral do livro – mais se faz sentir.
Classificação: 3/5 – Gostei