Autor: Gail Honeyman
Título Original: Eleanor Oliphant is Completely Fine (2017)
Editora: Porto Editora
Páginas: 328
ISBN: 9789720048981
Tradutor: Elsa T. S. Vieira
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Tenho um carinho especial por histórias de inadaptados e de pessoas que fogem à normalidade. Por esse motivo, A Educação de Eleanor foi um livro que despertou o meu interesse assim que chegou ao meu conhecimento e felizmente, não desiludiu. O título original deste livro – Eleanor Oliphant is Completely Fine – dá o mote desta história (infelizmente perdido no título escolhido para a tradução portuguesa): Eleanor está convencida que está bem. O trabalho das 9h às 17h proporciona-lhe os meios suficientes para sobreviver, numa vida sem família e amigos de que acha não precisar – provavelmente, porque nunca os teve.
À medida que a narrativa avança, percebemos que a profunda solidão em que Eleanor vive tem raízes em acontecimentos traumáticos do seu passado, bem como na sua quase completa inaptidão social. Eleanor não percebe as convenções sociais e tem zero preocupação em relação ao que as outras pessoas pensam relativamente ao que diz ou faz. Isto gera várias situações hilariantes, que a autora consegue com bastante eficácia equilibrar com os elementos dramáticos da história. Aliás, esta foi uma das coisas que mais gostei neste livro; facilmente poderia ter descambado para um ou outro lado, mas tudo parece harmonizar-se de forma muito competente para criar um enredo que enternece e diverte o leitor.
A vida emocional de Eleanor, como devem imaginar, não existe quando a história se inicia. Aliás, é uma paixão platónica que leva Eleanor a querer mudar algumas coisas no seu visual e acaba por funcionar como uma espécie de catarse, quando por causa dela a protagonista começa a questionar o sentido da sua vida. Raymond, um técnico de informática que trabalha na mesma empresa de Eleanor, é uma personagem presente desde o início e que, aos poucos, se vai tornando amigo dela, contra todas as probabilidades. A possibilidade do envolvimento romântico entre os dois é algo sempre presente, mas que felizmente nunca se torna o centro da história e muito menos aquilo que transforma a vida de Eleanor para melhor. Li algures que este livro foi comparado com O Projeto Rosie, de Graeme Simsion, mas considero que A Educação de Eleanor é muito mais interessante porque a personagem principal nunca altera a sua personalidade para servir a história: é antes a história que se molda a ela, tornando-a, assim, muito mais genuína.
Diverti-me e emocionei-me em doses iguais com A Educação de Eleanor. Abordando de forma muito interessante a temática da solidão e da necessidade de afeto, é um livro que nos traz uma personagem inesquecível que marca a diferença pela sua genuinidade. Recomendo.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante