Autor: Ali Land
Título Original: Good Me, Bad Me (2017)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 384
ISBN: 9789896652951
Tradutor: Margarida Filipe
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Ali Land estreia-se nos romances com este Menina Boa, Menina Má, um thriller psicológico que me chegou repleto de boas recomendações. A autora é licenciada em Saúde Mental e trabalhou vários anos com crianças e adolescentes nessa vertente, o que lhe providenciou não só as ideias como as ferramentas essenciais para escrever este livro, cuja protagonista é uma adolescente traumatizada pelos assassinatos que a mãe cometeu.
No início do livro, narrado na primeira pessoa por Annie, como se de uma longa carta dirigida à mãe se tratasse, sabemos que a jovem denunciou à polícia os crimes daquela, depois de ter assassinado a nona criança ao longo de vários anos. Colocada sob a proteção de uma família de acolhimento, é-lhe dada uma nova identidade – Milly – enquanto a jovem aguarda que chegue o julgamento. Mike, o pai nessa família, psicólogo de profissão, tem a tarefa de orientar e preparar Milly para o julgamento, enquanto a ajuda a lidar com os vários demónios que a atormentam.
Milly depressa percebe que se encontra no seio de uma família com as suas disfuncionalidades, porque a mãe, Saskia, é constantemente desafiada pela filha adolescente, Phoebe, da mesma idade de Milly. O confronto entre as duas jovens também não demora a surgir, e Milly passa a ser vítima de bullying na escola, promovido por Phoebe.
O aproximar do julgamento traz ao de cima os piores pesadelos de Milly, enquanto vão sendo revelados ao leitor – nunca de forma muito gráfica – os crimes perpetrados pela mãe e os abusos que sofreu da parte desta, ainda que continue a sentir um estranho fascínio pela figura maternal e uma necessidade que não consegue compreender. O título do livro alude àquele que é um dos grandes temas do livro, a dualidade de personalidades: por um lado, Milly sabe que o que a mãe fez está completamente errado e, por esse motivo, arranjou finalmente coragem para a denunciar; por outro, reconhece em si pensamentos e vontades que não se coadunam com boas ações e atribui isso aos genes que herdou da mãe.
Menina Boa, Menina Má nunca precisa de ser muito gráfico ou entrar em grandes detalhes para ser extremamente perturbador. As sugestões que faz são mais do que suficientes, aliadas à escuridão que espreita dos sítios mais inesperados. A partir de determinada altura, pura e simplesmente não consegui parar de ler, pela vontade de saber como iria esta história terminar. E, quando pensava que as coisas estavam mais ou menos assentes, surge o impacto final.
Menina Boa, Menina Má entrou na galeria dos melhores thrillers psicológicos que li, sendo altamente recomendado a quem gosta de personagens e histórias perturbadoras. Muito bom!
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante