Autor: Luís Coelho
Ano de Publicação: 2017
Editora: Objectiva
Páginas: 288
ISBN: 9789896651824
Origem: Recebido para crítica
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Sem figuras de estilo para dourar a pílula, sem maquilhagem para esconder as imperfeições e sem papas na língua.
Há crianças que nasceram para dar cabo da vida como a conhecemos.
O bebé Judas, o bebé Hitler e os meus dois filhos.
O primeiro veio ao mundo para destruir o messias.
O segundo para destruir a humanidade.
Os meus filhos vieram para destruir a minha paciência e os seios da minha mulher.
Opinião: Descobri que sou fã de livros sobre paternidade politicamente pouco corretos. Depois de ter lido Amãezónia há relativamente pouco tempo e ter gostado bastante, chegou-me às mãos este Psicopaita, cujo título e ilustração de capa dão, logo à partida, uma boa ideia do que nos espera. Não conhecia Luís Coelho, que trabalha como diretor criativo numa empresa de marketing relacional, apesar de já ter um livro publicado (Faz-te Homem), mas agradou-me a ideia de ler sobre paternidade sob uma perspetiva masculina.
Psicopaita reúne uma série de textos que abordam, de uma forma marcadamente humorística, várias das facetas da paternidade e dilemas do dia-a-dia. Como é tornar-se pai e ver a nossa vida mudar radicalmente de um dia para o outro, os sonos, as doenças, as dificuldades na alimentação, a forma como as crianças jogam com a mãe e com o pai, os brinquedos espalhados pela casa, as férias que deixam de ser férias… enfim, todo um rol de situações em que a chegada de uma criança torna a vida dos adultos manifestamente pior.
Houve duas coisas de que gostei imenso neste livro: uma, foi o sentido de humor, a outra a forma desassombrada como Luís Coelho aborda o impacto negativo da chegada de um filho. No que diz respeito ao sentido de humor, achei os textos genuinamente engraçados; conheço várias pessoas que provavelmente ficariam escandalizadas com algumas das afirmações neste livro (as que defendem com unhas e dentes que uma criança compensa sempre e em todas as alturas as eventuais partes negativas), mas eu gosto de humor negro quando é bem feito. E fiquei fã da honestidade politicamente pouco correta do autor quando afirma que os 5 anos que leva no papel de pai ainda não lhe compensaram as coisas que perdeu por ter decidido ter filhos. As suas afirmações poderão ser encaradas por alguns como algo polémicas, mas não encontrei nada aqui com que descorde veementemente.
Em suma, diverti-me imenso com este livro, que várias vezes me fez rir à gargalhada. Revi-me em inúmeras coisas e, no final, fiquei com a certeza que vale a pena trazer à luz do dia as imperfeições que nós, como pais, possuímos.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante