Autor: J.G. Ballard
Título Original: High-Rise (1975)
Editora: Elsinore
Páginas: 217
ISBN: 9789898086754
Tradutor: Marta Mendonça e Rute Mota
Origem: Comprado
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Opinião: J.G. Ballard é um nome que já conheço há algum tempo, ainda que até agora não tivesse surgido a oportunidade de ler alguma coisa dele. A Elsinore tem vindo a publicar alguma da sua obra (O Reino do Amanhã saiu na semana passada) e como adorei a capa deste livro e tinha ouvido boas opiniões sobre Arranha-Céus, decidi começar por este.
Demorei algum tempo a escrever esta opinião porque tive alguma dificuldade em assentar as ideias sobre as impressões relativamente a este livro. O início estranho e terrivelmente prenunciador da degradação que o leitor se encontra prestes a encontrar é, sem dúvida, cativante. Num arranha-céus de 45 andares, situado nos arredores de Londres, acompanhamos a vida de alguns dos seus habitantes e das relações que se geram entre eles. O edifício funciona como um microcosmos da vida real, de certo modo, vivendo as pessoas mais abastadas nos andares cimeiros, mais amplos e com melhores condições. Os andares inferiores, onde ficam os moradores com menos posses, começam a sofrer com vários problemas estruturais, nomeadamente a nível do ar condicionado, dos maus cheiros devido ao lixo por recolher e pelo deficiente funcionamento dos elevadores.
Acompanhamos várias personagens representativas dos vários estratos sociais e as relações entre elas. Apesar do ambiente estranho e gradualmente opressivo, o arranha-céus exerce uma espécie de fascínio sobre os seus habitantes que, em vez de fugirem da crescente degradação física e psicológica que atravessa o edifício e quem nele habita, parecem ter cada vez mais vontade de nele permanecer e de defender a sua casa a partir do momento em que se começa a travar uma autêntica guerra pelos recursos disponíveis.
Gostei muito da premissa do livro, não posso negar. Há algo nos limites que o ser humano pode atingir que me fascina (de forma algo mórbida, confesso) e é por isso que as distopias fazem frequentemente parte das minhas leituras. Desta vez, a premissa e a espiral de destruição que rapidamente se insinua na história cativaram-me, mas com o avançar da narrativa perdi o entusiasmo. Algumas das situações apresentadas parecem pouco lógicas e irreais, mesmo tendo em conta a suspensão da descrença necessária neste tipo de leituras.
Terminei o livro com a sensação que poderia ter sido muito melhor se o enredo tivesse sido explorado de outra forma e se as personagens tivessem tido um rumo mais definido. Ainda assim, foi uma leitura com suficientes qualidades para me deixar com vontade de ler mais do autor. Crash aguarda a sua vez.
Classificação: 3/5 – Gostei