Autor: Joakim Zander
Título Original: Orten (2015)
Série: Klara Walldéen #2
Editora: Suma de Letras
Páginas: 496
ISBN: 9789896651305
Tradutor: Gonçalo Neves
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Depois da leitura de O Nadador, livro de estreia de Joakim Zander, parti imediatamente para O Crente, publicado no passado mês pela Suma de Letras. Antes de mais, é importante notar que, ainda que este livro seja o segundo volume da série “Klara Walldéen”, não é absolutamente necessária a leitura do primeiro, pois a história é independente e a participação de Klara bem mais secundária. Dito isto, acho que a leitura do primeiro volume ajuda a perceber melhor a personagem e algumas das suas motivações, pelo que se quiserem ler primeiro O Nadador, será um bónus.
Desta vez, voltamos a acompanhar várias personagens em períodos de tempo distintos e temos de novo a personagem a que o título do livro se refere a narrar os seus capítulos na primeira pessoa. O Crente é Fadi, filho de imigrantes muçulmanos na Suécia, que vive num subúrbio de Estocolmo onde existem vários problemas sociais. Desde pequeno, Fadi sempre se socorreu da irmã mais velha, Yasmine, para se manter longe de grandes problemas e sobreviver numa sociedade que o ostraciza, mas quando ela decide ir viver para os Estados Unidos, Fadi sente-se perdido e acaba por juntar-se a um grupo que o recruta como soldado do Estado Islâmico. Quando a história se inicia, Yasmine recebe a notícia que Fadi teria sido morto na Síria, e decide regressar ao seu país de acolhimento original porque suspeita que a história não está bem contada.
O Crente é um livro muito atual, pois explora a marginalização da sociedade por motivos culturais e religiosos. Enquanto estamos no presente e acompanhamos a busca de Yasmine pela verdade do que aconteceu ao seu irmão, voltamos ao passado para entendermos as motivações de Fadi e o que o levou a recorrer à religião e ao extremismo como forma de exteriorizar a alienação que sente numa sociedade em que a compreensão e a integração de quem se sente excluído estão longe de ser uma prioridade.
É um livro com um ritmo algo lento, à semelhança do seu antecessor, o que não é necessariamente mau. A isto não é alheio o facto de só com a história já bem adiantada o leitor perceber qual a relação de Klara com todo o enredo que estamos a acompanhar. Mas assim que ela se revela o livro ganha outro fôlego e torna difícil abandonar o livro. Admito que o enredo de O Nadador tivesse sido pessoalmente mais cativante, mas considero que as questões abordadas em O Crente são talvez mais pertinentes. No final de contas, foram ambos dois bons livros, que me deram a conhecer um autor que vou manter debaixo de olho no futuro.
Classificação: 3/5 – Gostei