Autor: Ian Caldwell
Título Original: The Fifth Gospel (2014)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 504
ISBN: 9789722357920
Tradutor: Maria do Carmo Figueira
Origem: Recebido para crítica
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Este thriller arrebatador, baseado numa profunda investigação histórica e bíblica, dá-nos a conhecer os meandros da Santa Sé.
Opinião: O Diatesseron, da autoria de Taciano, um dos primeiros cristãos, foi uma paráfrase dos quatro evangelhos tidos como o cânone que deu origem ao Novo Testamento. O documento, datado entre 160 e 175 d.C., tinha como objetivo combinar em apenas uma única narrativa o conteúdo dos quatro evangelhos originais (escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João). Este documento reveste-se de fulcral importância no enredo deste livro, uma vez que é com base nele que Ugo Nogara, curador responsável por uma exposição a abrir em breve no Vaticano, promete revelações que irão mudar as (complicadas) relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. Só que, a poucos dias da abertura da exposição, Ugo é encontrado sem vida perto de Castel Gandolfo.
Alex Andreou, padre grego católico a viver no Vaticano e amigo de Ugo suspeita que a morte dele estará intimamente relacionada com a exposição e, uma vez que o seu irmão Simão foi o primeiro a encontrar o corpo e é, por isso, um suspeito, decide investigar por conta própria os últimos dias de Ugo, na esperança de tentar ilibar o irmão.
Num estilo pausado e, por vezes, algo jornalístico, Ian Caldwell agarra na mão do leitor e leva-o pelo meandros da história religiosa e, mais concretamente, pelas semelhanças e diferenças entre as Igrejas Cristã e Ortodoxa, sem esquecer uma detalhada análise à história dos evangelhos e do Santo Sudário. A componente policial é pretexto para que o leitor fique com algumas noções sobre direito canónico, cuja existência desconhecia por completo e sobre o qual gostei de aprender. Ainda que a história bíblica e cristã não seja o meu maior pólo de interesse a nível histórico, achei estas componentes do livro muito interessantes e didáticas, contribuindo para o meu (pouco) conhecimento sobre estas matérias.
Gostei bastante do esforço do autor por equilibrar a componente histórico-policial do enredo com o desenvolvimento da vida pessoal de Alex, nomeadamente a sua relação com o filho menor e com a esposa que o abandonou há alguns anos e que, ainda assim, continua a estar constantemente presente. Sem dúvida que ajudou a tornar a personagem principal, que narra a história na primeira pessoa, mais tridimensional.
Penso que talvez seja um pouco exagerado definir este livro como um thriller puro, uma vez que os elementos que normalmente o definem – suspense e tensão – não serão aqui os mais preponderantes. Aliás, como já referi, o ritmo da narrativa por vezes está longe de ser frenético e não me pareceu que as voltas e reviravoltas que costumam marcar os thrillers fossem aqui trabalhadas com a maior perfeição.
O Quinto Evangelho é um romance que mistura elementos históricos, de policial e de thriller, que às vezes parece falhar um pouco em corresponder às expectativas que gera mas que, no balanço final é uma leitura agradável, didática e que poderá ser um bom companheiro nas longas tardes de verão atuais.
Classificação: 3/5 – Gostei
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