Autor: Renée Knight
Título Original: Disclaimer (2015)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 304
ISBN: 9789898775757
Tradutor: Isabel Veríssimo
Origem: Recebido para crítica
Opinião: “Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência“, é a frase que vemos muitas vezes em livros, mas no caso do livro que apareceu de forma misteriosa no correio de Catherine poderia aplicar-se de forma mais acertada o “não há coincidências“. O dito livro, chamado “Perfeito Desconhecido“, tem acontecimentos assustadoramente semelhantes a uma época da vida de Catherine, algo que ela lutou durante 20 anos por manter enterrado, longe do conhecimento do seu marido e filho. O problema é que o livro acaba por chegar também às mãos de ambos, e as suas reações são tão negativas como seria de esperar.
O livro é, na sua maioria, relatado a duas vozes, intercalando o ponto de vista de Catherine com o de Stephen, um homem septagenário intimamente ligado à produção do livro que tanto atormenta Catherine. À medida que a narrativa vai avançando, a curiosidade do leitor é cada vez mais aguçada, uma vez que apenas vemos as consequências que a revelação do segredo de Catherine vai tendo nas pessoas que a rodeiam, mas ficamos sempre com a sensação que há algo mais que não nos está a ser revelado. E é por isso que a leitura avança rapidamente, movida pela vontade de desvendar a realidade do passado de Catherine.
Tenho de confessar que a parte inicial me deixou um bocado confusa, porque tive alguma dificuldade em perceber as ligações entre as duas personagens que conhecemos nos dois pontos de vista principais. A autora tenta um equilíbrio entre revelar o suficiente e não revelar demasiado, e não tenho a certeza que isto tenha sido sempre bem conseguido. Contudo, assim que entrei no ritmo da história não consegui parar. As peças vão-se encaixando, e a autora presenteia-nos com twists inesperados que ajudam a história a ganhar interesse e solidez.
A própria componente de desenvolvimento das personagens e da sua profundidade psicológica vai ganhando força à medida que o livro avança, de modo que o leitor acaba por vê-las de forma cada vez mais real. A escrita não é particularmente elaborada, mas funciona bem neste tipo de livro; ainda que não seja perfeito, é um thriller psicológico cativante e viciante. Não poderia deixar também de elogiar a capa desenvolvida para a edição portuguesa, que quanto a mim foge de uma forma muito agradável às capas que vamos vendo por aí. Pura Coincidência está nas livrarias a partir de hoje.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante