Autor: Isabel Allende
Título Original: El Plan Infinito (1991)
Editora: Biblioteca Sábado
Páginas: 337
ISBN: 9788461316137
Tradutor: Carlos Martins Pereira
Origem: Comprado
Opinião: O Plano Infinito é mais um daqueles livros esquecidos na minha prateleira e que não teria lido tão cedo se não fossem os desafios de leitura nos quais venho participando. Até à data, as experiências com Isabel Allende foram bastante positivas, tanto com A Casa dos Espíritos como com Zorro, portanto parti para esta leitura com boas expectativas, apesar de a sinopse não me despertar, só por si, grande interesse.
Gregory Reeves, o protagonista deste livro, é filho de um australiano que se mudou para os Estados Unidos na primeira metade do século XX e que, inicialmente, viveu uma vida de nómada com a sua família enquanto dava asas aos seus dotes de pregador, divulgando O Plano Infinito, que advogava que nada acontecia por acaso. Charles Reeves, assim se chama o pai, ganhou fama como pregador, mas a dada altura, quando Gregory era adolescente, teve de assentar arraiais numa comunidade latina da Califórnia, devido a problemas de saúde. É aí que Gregory passará os primeiros anos de uma existência complicada, que não melhora à medida que progride para adulto.
Começando pelas relações complicadas com os pais e irmã, passando pelas dores de crescimento, que foram bastante marcadas pela dificuldade de integração, e terminando numa vida adulta que incluiu a sua participação na guerra do Vietname e uma vida amorosa que foi tudo menos feliz, este livro é tudo menos um hino à felicidade. É, antes, um retrato de um homem marcado por uma infância complicada e por alguns episódios traumáticos, que nunca teve a estrutura ou o apoio externo necessários para ultrapassar os seus problemas. Para além de todos estes problemas internos, Gregory é ainda definitivamente marcado pelos acontecimentos externos da sociedade norte-americana, desde o movimento hippie à participação na guerra do Vietname e às crise económica dos anos 80.
Foi um livro que, apesar da escrita cativante, por vezes me pareceu demasiado confuso, porque mesmo tendo Gregory como personagem central, não raras vezes a autora opta por contar partes da vida de pessoas que com ele estão relacionadas, originando uma frequente mudança de foco da narrativa que não contribui muito para que o interesse se mantenha equilibrado. E também não ajuda que a história (ou histórias) decorram ao longo de cerca de 40 anos. Houve momentos em que realmente fiquei interessada no livro, e penso que a autora faz um bom trabalho em descrever os problemas de Gregory e o seu estado mental, mas houve outros em que não consegui sentir grande empatia com as restantes personagens e em que a leitura não foi muito interessante.
Foi um livro que me deixou dividida, com coisas de que gostei e outras nem por isso. Ainda assim, o balanço acaba por ser positivo.
Classificação: 3/5 – Gostei