Autor: Quino
Título Original: Toda Mafalda (1992)
Editora: Verbo
Páginas: 600
ISBN: 9789722231299
Tradutor: Maria José Sacadura e Ricardo Pereira
Origem: Comprado
Opinião: Quando era miúda, ofereceram-me uma agenda da Mafalda que continha algumas tiras que adorava. Lembro-me de as ler vezes sem conta e de achar o humor genial, ainda que pudesse não compreender a 100% as intenções de Quino quando as desenhou e escreveu. Nunca tive nenhum livro da Mafalda tirando essa agenda, por isso ficou sempre a vontade de explorar mais esta personagem mítica da BD; quando vi que ia sair uma edição comemorativa dos 50 anos da personagem, contendo todas as tiras que Quino desenhou, achei que era a altura ideal para finalmente o fazer.
Toda a Mafalda contém, como o título indica, todas as tiras da personagem ordenadas cronologicamente, mas não só: traz ainda uma série de informação que ajuda o leitor a contextualizar as tiras, tornando-se uma grande mais-valia dado o teor político das mesmas. Para além disso, o livro contém ainda uma biografia realtivamente detalhada de Quino, uma visão sobre as suas personagens e algumas tiras que o autor desenhou para ocasiões especiais (como, por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos da Criança). O livro termina com um pouco da história da publicação da Mafalda em Portugal.
Demorei quase um mês a ler este livro, porque me parece que é uma boa ideia não ler de rajada as cerca de 2.000 tiras que contém. Torna-se um pouco difícil falar da Mafalda sem entrar em lugares-comuns ou dizer algo que não tenha já sido dito, mas Mafalda é uma personagem genial, a todos os níveis: do alto dos seus 6 anos de idade, possui uma perspicácia e acutilância invulgares, ao mesmo tempo que vive as vicissitudes próprias da idade, na escola, na vida familiar e com os amigos. As suas preocupações sócio-políticas e respetivos comentários incisivos, juntamente com o seu espírito inquisitivo, são uma imagem de marca e vingam pela relevância e atualidade, apesar dos seus 50 anos. Cativa a forma ingénua como Mafalda olha para o mundo (representado pelo seu fiel globo), uma criança-adulta desprovida de maldade mas repleta da sinceridade que muitas vezes falta aos adultos. E como não simpatizar com a forma como expressa o seu ódio pela sopa?
Todas estas características são contrabalançadas pelos seus amigos: o terra-a-terra Manelito, o preguiçoso Felipe, a dona de casa em miniatura Susanita, o filosófico Miguelito e mais tarde a sarcástica Liberdade e o seu irmão mais novo Gui. Todas estas personagens ganham tal vida através das tiras que é impossível não as passarmos a ver como amigos.
Só me ocorre uma palavra para descrever este livro: fantástico.
Classificação: 5/5 – Adorei