[Opinião] A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz

9658280Autor: Afonso Cruz
Ano de Publicação:
2010
Editora: Quetzal
Páginas: 240
ISBN: 9789725649039
Origem: Comprado

Sinopse: O pintor Oskar Kokoschka estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a relação acabou, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. A carta à fabricante de marionetas, que era acompanhada de vários desenhos com indicações para o seu fabrico, incluía quais as rugas da pele que ele achava imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a sua paixão, passeava a boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto dela, partiu-lhe uma garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o lixo. Foi a partir daí que ela se tornou fundamental para o destino de várias pessoas que sobreviveram às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden durante a Segunda Guerra Mundial.

Opinião: Gostei bastante de todos os livros que li do Afonso Cruz até à data, e por esse motivo é difícil não criar expectativas altas perante um novo livro seu. A Boneca de Kokoschka já é de 2010, foi adquirido a um preço muito simpático na Feira de Livro de Lisboa deste ano e é já o terceiro livro deste autor que leio em 2014.

A sinopse que copiei acima não podia dar uma ideia mais errada do conteúdo deste livro. A história que resume é apenas uma parte do todo (nem sequer a maior), onde o livro vai buscar o título. A boneca de Kokoschka – história verídica que envolve o pintor austríaco – é apenas uma peça do puzzle que se inicia quando o jovem Isaac Dresner se esconde na cave de uma loja de pássaros para fugir à perseguição nazi contra os judeus, em plena 2.ª Guerra Mundial. A partir daí, tece-se uma teia de relações e acontecimentos que provam a existência do destino e que se entrelaçam de forma inevitável.

Encontrei algumas semelhanças entre este livro e O Pintor Debaixo do Lava-Loiças: pela ligação com a 2.ª Guerra Mundial, pela presença de algumas ilustrações a acompanhar a narrativa (mais na parte inicial do livro) e também pela presença de personagens peculiares, com a capacidade incrível que o autor tem de as caracterizar através da sua atenção ao detalhe. Mentiria se dissesse que gostei tanto deste livro como de outros que já li de Afonso Cruz. Apesar de estarem aqui presentes várias das características que me encantam nas suas histórias, desta vez achei o livro um pouco confuso e por vezes demasiado disperso nas suas personagens e na mensagem que pretendia passar. 

Não é um mau livro, longe disso. Mas as expectativas em relação aos livros de Afonso Cruz já são tão elevadas que qualquer coisa que fique abaixo do muito bom me deixa um bocado desiludida. Ainda assim, pretendo continuar a explorar a sua obra e a deliciar-me com as suas palavras.

Classificação: 3/5 – Gostei 

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.