Autor: Richard Yates
Título Original: The Easter Parade (1976)
Editora: Quetzal
Páginas: 245
ISBN: 9789725648865
Tradutor: Nuno Guerreiro Josué
Origem: Comprado
Opinião: Li, em 2010, um livro que me deixou uma marca profunda pela forma magistral como está escrito, os temas negros e a forma como são abordados. O livro chama-se Revolutionary Road, com que Richard Yates se estreou na publicação de livros. Desde essa altura que tenho vontade de ler mais coisas de sua autoria, para confirmar (ou não) a excelente impressão e decidi que na Feira do Livro de Lisboa deste ano iria adquirir outro livro seu, tendo optado por este O Desfile da Primavera, considerado por alguns o melhor livro do autor, a par de Revolutionary Road.
As personagens centrais deste livro são Emily e Sarah, duas irmãs que, ainda crianças nos anos 1930, veem os seus pais divorciar-se. Ficam ambas a cargo da mãe, uma mulher com personalidade errante e que lhe falha a vários níveis. Enquanto Sarah, a mais velha, casa cedo e constitui família, Emily salta de relação em relação, procurando nem ela sabe bem o quê. Emily acaba por ser o ponto de vista central da narrativa e o eixo de toda a infelicidade que rodeia a sua família, porque a infelicidade e a busca de um sentido para a vida são os temais centrais deste livro.
Já tinha percebido em Revolutionary Road que Richard Yates gostava particularmente de escrever sobre a infelicidade e sobre o lado negro do ser humano, e este livro confirmou-o. Contudo, O Desfile da Primavera desiludiu-me a vários níveis: não senti qualquer empatia pelas personagens, a história pareceu-me demasiado inconsequente e a narrativa apressada. As quase 250 páginas deste livro concentram em si quase 40 anos na vida das personagens principais e os saltos temporais davam-se por vezes de um parágrafo para o outro, deixando a sensação de pressa e de personagens e situações mal desenvolvidas. Aqui e ali aparecem secções de texto muito acima da média, mas foram gotas no oceano de desinteresse que este livro se tornou para mim.
De facto, não sei se fui eu que mudei assim tanto como leitora no espaço de pouco mais de 4 anos ou se realmente este livro está muitos furos abaixo de Revolutionary Road. Seja como for, não me deixa boas recordações. Conto, ainda assim, insistir noutro livro de Richard Yates para tirar as teimas.
Uma nota final para esta edição: demasiadas gralhas e alguns erros imperdoáveis (anotei a frase “Talvez eu tivesse a forçar demasiado”, pág. 143) distraem e irritam. Necessita de uma boa revisão.
Classificação: 2/5 – OK