[Opinião] A Vidente de Sevenwaters, de Juliet Marillier

Autor: Juliet Marillier
Título Original: Seer of Sevenwaters (2010)
Série: Sevenwaters #5
Editora: Planeta Manuscrito
Páginas: 413
ISBN: 9789896571993
Tradutor: Catarina F. Almeida
Origem: Comprado

Sinopse: Sibeal sempre soube que estava destinada a uma vida espiritual e entregou-se de corpo e alma à sua vocação. Antes de cumprir os últimos votos para se tornar uma druidesa, Ciarán, o seu mestre, envia-a numa viagem de recreio à ilha de Inis Eala, para passar o Verão com as irmãs, Muirrin e Clodagh. 
Sibeal ainda mal chegou a Inis Eala, quando uma insólita tempestade rebenta no mar, afundando um barco nórdico mesmo diante dos seus olhos. Apesar dos esforços, apenas dois sobreviventes são recolhidos da água. O dom da Visão conduz Sibeal ao terceiro náufrago, um homem a quem dá o nome de Ardal e cuja vida se sustém por um fio. Enquanto Ardal trava a sua dura batalha com a morte, um laço capaz de desafiar todas as convenções forma-se entre Sibeal e o jovem desconhecido. 
A comunidade da ilha suspeita que algo de errado se passa com os três náufragos. A bela Svala é muda e perturbada. O vigoroso guerreiro Knut parece ter vergonha da sua enlutada mulher. 
E Ardal tem um segredo de que não consegue lembrar-se – ou prefere não contar. Quando a incrível verdade vem à superfície, Sibeal vê-se envolvida numa perigosa demanda. 
O desafio será uma viagem às profundezas do saber druídico, mas, também, aos abismos insondáveis do crescimento e da paixão. No fim, Sibeal terá de escolher – e essa escolha mudará a sua vida para sempre.

Opinião: A forma como os primeiros livros da Juliet Marillier me marcaram tem sido o que me leva a continuar a insistir nos novos lançamentos, apesar de os dois últimos que li terem ficado um pouco aquém das expetativas. Também já disse algumas vezes que, na minha opinião, Sevenwaters deveria ter ficado pela trilogia original; a própria escritora admite que o maior sucesso desta série nos Estados Unidos levou a que os seus editores quisessem que ela escrevesse mais volumes, e com um cariz mais YA (Young Adult). Mesmo com estas reticências, decidi insistir. Se soubesse o que sei agora, não o teria feito.

Neste A Vidente de Sevenwaters, a protagonista é Sibeal, irmã da personagem central de O Herdeiro de Sevenwaters. Sibeal é uma jovem de 16 anos que, desde cedo, sentiu a vocação para se tornar druidesa e pouco tempo antes de fazer os seus votos, Ciarán, o seu mentor, manda-a de férias para a ilha de Inis Eala, sem a jovem perceber muito bem com que objetivo. E assim, apesar do título do livro, nenhuma parte desta história toma lugar em Sevenwaters, apesar das evocações ocasionais do local. Pouco tempo após a chegada de Sibeal à ilha, acontece um naufrágio de um navio nórdico, onde muitos perecem e pouco resistem. Cada um dos três sobreviventes são mais do que aparentam, e um deles, Felix, partilha com Sibeal a voz narrativa deste livro, para além de se tornar no seu interesse romântico, fazendo a jovem questionar se o que sempre tomou como certo para o futuro será a opção que realmente deseja.

Não consigo dizer que gostei deste livro. Aliás, quando penso em tudo o que li, a única coisa que me lembro realmente de ter gostado foi do resumo de uma parte do livro “O Filho das Sombras”, por uma das personagens que esteve presente nas aventuras relatadas nesse livro. Nunca senti empatia por Sibeal ou por Felix, e não acho que a alternância das vozes narrativas tenha sido muito bem conseguida. Não foram raras as vezes em que confundi as duas vozes – terá sido porque os achei igualmente aborrecidos? E para além das personagens, achei o enredo demasiado forçado. Durante metade do livro nada parece acontecer, e na outra metade, que acompanha a suposta aventura, tudo parece acontecer demasiado rápido, sem grandes dificuldades para os protagonistas. Já para não falar que estes embarcam numa aventura muito perigosa com um objetivo que não convence face ao perigo da missão.

Parece que tudo se resume ao dilema da protagonista entre tornar-se druida ou abdicar disso face ao amor – e o resultado disto é exatamente o que se espera. Mas nem é por aí, porque quem já leu todos os livros desta autora, como eu, sabe ao que vai; mas espera um livro centrado numa história de amor que aqueça o coração, que cative, enquadrada num enredo cativante e convincente. Para mim, nada disso acontece aqui: o casal protagonista é insípido, a sua relação juvenil, o enredo pouco sustentado. E uma coisa que me irritou solenemente: a ideia de que, para uma mulher ter uma vida “cheia” é necessário passar pelo papel de mulher e mãe. Mesmo analisando esta ideia face à sociedade “medievalesca”, custa-me aceitá-la. Tirando alguns momentos inspirados de escrita e a nostalgia pela história que antecede este livro, nada retiro desta leitura.

Já me questionei várias vezes se o problema disto é meu ou da autora. Acredito que seja um pouco de ambos: eu “cresci” como leitora e comecei a ser mais exigente, e a Juliet Marillier perdeu um pouco do seu brilho. Eu já devia ter percebido, pelos sinais que se vinham manifestando de alguns livros a esta parte, que os seus livros deixaram de ser para mim, e nenhum dos seus projetos futuros (incluindo uma série YA) me despertam qualquer curiosidade. É com muita pena que digo isto, e a minha nota para este livro acaba por ser reflexo dessa desilusão. Não penso ser boa ideia voltar a pegar em livros dela tão cedo, sob pena de estragar irremediavelmente os momentos tão memoráveis que alguns dos seus livros me proporcionaram. 

Classificação: 2/5 – OK 

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.