Autor: Max Brooks
Título Original: World War Z (2006)
Editora: Gailivro
Páginas: 396
ISBN: 9789895577002
Tradutor: Pedro Garcia Rosado
Origem: Recebido para crítica
Do doutor Kwng Jingshu, o médico chinês que examinou o ” Doente Zero”, a Paul Redeker, o muito controverso autor do Plano Laranja, Brooks falou com mais protagonistas fundamentais da guerra dos Zombies do que qualquer outra pessoa. Ao longo deste livro, o autor revela a extensão integral das transformações sociais e políticas a que o surto deu origem. A natureza perturbadora destes relatos exige ao leitor alguma coragem. Mas, como diz Brooks, não podemos esconder-nos por detrás das estatísticas entorpecedoras dos relatórios oficiais. Chegou a altura de encarar o verdadeiro horror que foi a guerra dos Zombies.
Opinião: Max Brooks é filho do conhecido realizador de cinema Mel Brooks e, para além da faceta de escritor é também argumentista. Guerra Mundial Z, originalmente publicado em 2006, segue a mesma temática de Zombie Survival Guide, de 2003, um manual de sobrevivência para se conseguir lidar com um potencial ataque zombie; no entanto, desta vez o autor optou por agregar uma série de testemunhos alguns anos decorridos sobre a Guerra dos Zombies e que nos ajuda a perceber como se iniciou, como se lidou com o problema e as repercussões que teve.
Se no parágrafo anterior anterior vos pareceu que eu estava a falar de uma qualquer guerra ocorrida na realidade, é porque é assim mesmo que este livro aborda a temática. Pegando numa guerra fictícia, em que o inimigo é uma das criaturas mais utilizadas na ficção de terror – e tal como habitualmente, aqui consistem em seres mortos-vivos, sem pensamentos ou qualquer tipo de sentimento – Max Brooks constrói um livro contado na primeira pessoa, no qual encarna o papel de um investigador que viajou pelo mundo para falar com diversas pessoas envolvidas, de uma ou outra forma, nesta guerra devastadora para a raça humana.
O livro é composto dessa série de relatos, que apresentam perspectivas diversas, em termos da naturalidade dos entrevistados, do seu envolvimento (pessoal ou profissional) na guerra e do impacto que esta teve nas suas vidas. Esta abordagem multi-perspectiva ajuda, sem dúvida, a tornar esta história mais credível apesar de sabermos que tudo não passa de ficção. Outro factor que contribui para que o leitor, de certo modo, acredite no que está a ler, é que, no fundo, o livro fala dos instintos da raça humana e do medo, temas com que facilmente nos conseguimos identificar. Para além desta temática, é possível entrever também algum criticismo à forma como os responsáveis lidam com os conflitos actuais.
O que menos me cativou neste livro foram alguns relatos mais impessoais, centrados em política ou em aspectos técnicos da guerra propriamente dita, que, na minha opinião, não foram devidamente contrabalançados com os relatos mais emotivos, que criam uma maior ligação emocional com o leitor. De resto, foi uma leitura que me agradou, e apesar de não ser particularmente fã de literatura de terror, a personificação do inimigo nos zombies, que deu origem a alguns momentos menos recomendáveis para os mais sensíveis, acabou por não me afectar grandemente. Gostei.
Classificação: 7/10 – Bom