[Opinião] O Bobo, de Christopher Moore

Autor: Christopher Moore
Título Original: Fool (2009)
Editora: Gailivro
Páginas: 350
ISBN: 9789895576807
Tradutor: Leonor Bizarro Marques
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: Homem de infinita graça, Pocket foi o bobo acarinhado de Lear durante anos; desde a época em que as filhas adultas do rei – a egoísta e ardilosa Goneril, a sádica Regan, (mas sexy a ponto de despertar fantasias eróticas), e a doce e leal Cordélia – eram apenas raparigas. Naturalmente que Pocket fica do lado do seu velho e tonto amo, quando Lear – insidiosamente encorajado por Edmund, o bastardo (em todos os sentidos possíveis e imaginários) – exige que as filhas lhe jurem o seu amor e devoção perante um grupo de convidados. É óbvio que Goneril e Regan ficam radiantes por poder lamber o rabo ao pai, enquanto Cordélia acha o pedido um tanto… bom… um tanto estúpido e a sua rude honestidade acaba por lhe custar a parcela do reino, que seria sua por direito, ainda acabando por ser expulsa ao pontapé. Agora, Pocket terá de recorrer a manobras bastante sofisticadas – lançar feitiços, instigar assassínios e provocar uma ou duas guerras (a treta do costume) – para conseguir que Cordélia volte a cair nas boas graças do Pai Lear, frustrando as manobras demoníacas das perversas irmãs e salvando de repetidos espancamentos o aprendiz de bobo, Drool, seu amigo gigantesco, desmesuradamente lerdo e invariavelmente lascivo … sem se esquecer de fornicar com todas as jovens apetecíveis… que pelo caminho se disponham a tal. Pocket pode ser um Bobo… mas não é um idiota.

Opinião: Ora aqui está um livro completamente diferente de tudo o que tinha lido até hoje. Ainda não tinha lido nada do americano Christopher Moore, apesar de já terem sido publicados em Portugal Guia Prático Para Cuidar de Demónios, O Anjo Mais Estúpido e Minha Besta, mas tinha bastante curiosidade, principalmente pela conotação humorística que os seus livros têm.

O Bobo pega na famosa peça de Shakespeare, Rei Lear, e reconta-a na primeira pessoa, pela perspectiva do Bobo. Como não li a peça original (apenas sei qual é o enredo, por alto), não posso fazer grandes comparações, mas esta reformulação da história é sem dúvida muito peculiar. A história (presumo que como a original) está cheia de intriga política e de reviravoltas.O Bobo transforma-se numa peça essencial no desenrolar da trama, pelo poder que tem de dizer aquilo a que mais ninguém se atreve e pela astúcia que demonstra em fazer ver ao Rei Lear as verdadeiras intenções das suas filhas mais velhas, Goneril e Regan, que o fizeram deserdar Cordélia, a mais nova. É necessária alguma atenção para seguir tantas personagens e acontecimentos, mas uma vez ultrapassado esse facto, é um livro que se lê bem.

O humor mordaz e brejeiro, para o qual o autor chama a atenção logo no início do livro, não vá ferir susceptibilidades, é uma característica que pontua todo o livro; fez-me rir algumas vezes, mas confesso que não é exactamente o tipo de humor que mais me cativa. Ainda assim, atribuo-lhe o devido mérito e compreendo quem o ache extremamente divertido.

Gostei da voz e da originalidade do autor, e, apesar de não ter ficado completamente convencida quanto a fazer ou não o meu género de leituras, quero experimentar outros livros do autor. 

Classificação: 6/10 – Bom, mas recomendado com reservas

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.