Ano de Publicação: 2008
Editora: Quidnovi
Páginas: 306
ISBN: 9789896280857
Origem: Comprado
Foi, então, com uma enorme curiosidade em que me lancei na sua leitura, e posso dizer que foi um dos livros que mais me marcaram durante os últimos tempos da minha vida. Existe, talvez, bem lá dentro daquelas páginas, um reconhecimento de mim próprio e da minha vida, principalmente no reconhecimento da tão incessante, e por vezes incansável, busca do meu “eu” através do “outro”.
A história, narrada na primeira pessoa, gira à volta de 3 vidas, do próprio narrador, o qual nunca sabemos o seu nome, e da sua relação com o seu misterioso patrão, António Augusto Milhouse Pascal, dono de uma agência de trabalhos misteriosos numa Quinta no meio do Alentejo, e da neta deste, a sonhadora e rebelde Camila Pascal que idolatra, mais do que tudo e alguma coisa, esses artistas que desafiam os limites de nome funâmbulos. A história, ou histórias, atravessam três décadas, e com elas podemos assistir, não só a uma mudança nas três vidas, e na forma como ele vê a própria Vida, mas também às metamorfoses do Mundo em seu redor.
O livro é todo ele povoado com uma escrita fluída, bastante cinematográfica, e tal e qual um funâmbulo, (o mote inspirador para esta obra, que funcionará como metáfora da vida das 3 personagens principais, sempre na corda-bamba) no meio da actuação, vamos, passo a passo assistindo ao desenrolar da história sempre atentos, com ânsia de não perder nenhum pormenor, até chegarmos ao outro lado com a sensação, plena de satisfação, de um desafio ganho e com vontade de repetir esta “viagem”.
É, certamente, um livro que, um dia, irei reler para tentar descobrir ainda mais pormenores que, talvez, me fugiram nesta minha primeira leitura. Com este seu terceiro livro, João Tordo consegue criar uma história original que nos prende desde a primeira página, a qual temos imensa pena quando vemos que não existem mais páginas para poder usufruir, acabando por ser um bela surpresa ter-me tocado tanto. Posso dizer que este livro me encontrou na altura certa. Convém andarmos atentos ao que se faz no nosso país, são livros como este, e autores como João Tordo, que mostra a despontar uma geração de escritores que honra o passado literário de um país que sempre se pôde orgulhar do nascimentos de grandes escritores. É necessário (re)descobrir o prazer de ler autores portugueses.
Como obra literária darei um 8/10 a este livro, mas, de facto, foi dos livros que mais me divertiu, mais me marcou e mais me deu prazer, ler. Quanto ao autor, além de tentar ler as suas outras duas obras, irei estar atento à sua carreira, assim como ao seu blog. – Ricardo
Classificação: 8/10 – Muito Bom